ESCOLHAS E CRITÉRIOS – UM CONTO

 

Será que  posso escolher  o que eu quiser, na hora que quiser?

Se eu gosto de uma roupa numa vitrine, eu posso escolher comprá-la. Não preciso pensar muito – se tiver o dinheiro necessário posso adquiri-la.

 

Parece simples! podemos escolher pelos nossos desejos e impulsos  quando quisermos , e isso soa como se fosse plena liberdade.

 

Quando chega o tempo de  inscrição para o vestibular, muitos pensam que  é só  colocar o x  num curso e pronto – se passar é aquele curso que vai fazer. Muitas vezes até se convencem  de tal escolha… mas isso dura até os primeiros dias de aula já na faculdade, quando percebem que não tem nada a ver com aquele curso e profissão.

 

Para escolher precisamos de critérios, como conhecer os cursos,  o mercado de trabalho, reconhecer nossas possibilidades e dificuldades.

 

A escolha  feita a partir dos desejos e impulsos, sem pensar um pouco nas consequências, me fez lembrar de uma historia que vou contar para vocês. Na verdade é um conto popular, que Câmara Cascudo escreveu no seu livro “Contos e Lendas Brasileiras”.

 

 

Os três pedidos

 

Quando Nosso Senhor andava no mundo chegou a uma casinha de gente muito pobre e pediu de comer e de beber. Os velhos que moravam a aí deram o que possuíam e agradaram muito Nosso Senhor. Quando este ia embora , abençoou –os e disse:

– Pelo que fizeram por mim, e como são pobres e tementes a Deus, podem pedir três coisas que serão realizadas imediatamente.

O velho e a velha ficaram saltando de contentes. À noite , foram jantar e conversaram sobre o sucedido, meio desconfiados daquelas promessas. A velha, vendo a pobreza da janta, disse alto:

– O que eu queria agora era uma roda de linguiças assando em cima daquelas brasas.

Palavras não eram ditas e apareceu uma roda de linguiça assando em cima das brasas.

O velho ficou tão zangado com o pedido da mulher que não se conteve e gritou:

-E a minha vontade é que essa linguiça fique na ponta de sua venta para você não ser mais maluca!

A linguiça voou do fogo e grudou-se na ponta do nariz da velhota que começou a chorar e lastimar-se pela desgraça .

– Acuda-me , maridinho de minh’alma! Acuda-me maridinho!

Tanto chorou e se lastimou que o velho marido teve pena do caso e pediu que a linguiça saísse do nariz de sua mulher.

A linguiça desapareceu.

E assim  os três pedidos não serviram de nada!

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Como vocês viram, fazer escolhas sem pensar pode ser bem desastroso. Seria bem melhor se o velho e a velha conversassem sobre o que gostariam na vida e como gostariam de vive-la dai para diante. Quem sabe poderiam estar desfrutando de uma vida mais plena e com mais sabedoria.

 

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